DOSSIÊ GIALLO: O Suspense Estilizado Italiano
O giallo é um gênero cinematográfico único, nascido na Itália, que mistura suspense, horror e estética visual hipnótica para criar narrativas repletas de mistério, violência e uma atmosfera de inquietação. Seu nome, que significa "amarelo" em italiano, remonta às capas amareladas dos romances policiais publicados pela editora Mondadori nos anos 1920 e 1930 — livros baratos que popularizaram histórias de crimes inspiradas em autores como Agatha Christie e Edgar Wallace. Porém, foi nas telas do cinema, entre as décadas de 1960 e 1980, que o giallo ganhou sua identidade mais marcante, tornando-se um fenômeno cultural que até hoje fascina cineastas e entusiastas do cinema de gênero.
Surgiu como uma ponte entre a literatura pulp e o cinema. Enquanto os livros focavam em enigmas clássicos, o giallo cinematográfico acrescentou camadas de psicologia perturbadora, violência estilizada e um olhar obsessivo pela estética. Diretores como Mario Bava (com La Ragazza che Sapeva Troppo, 1963) e Dario Argento (ícone do gênero com obras como L'Uccello dalle Piume di Cristallo, 1970) transformaram histórias de assassinatos em experiências sensoriais, usando cores vibrantes, ângulos de câmera expressionistas e trilhas sonoras experimentais (como as composições do grupo Goblin).
O auge do gênero coincidiu com um período de turbulência na Itália: os Anos de Chumbo (décadas de 1970-1980), marcados por terrorismo político, protestos estudantis e uma crise de identidade nacional. Os filmes do gênero capturaram esse clima de paranoia, retratando sociedades corrompidas, instituições falidas e indivíduos à mercê de forças invisíveis. A violência nas telas, muitas vezes direcionada a mulheres, também era um comentário sobre as mudanças nos papéis de gênero e o medo da liberação sexual.
Embora compartilhe elementos com o horror, o giallo distingue-se por seu foco no mistério investigativo e na psicologia do medo, em vez de monstros ou sobrenatural (com exceções, como Suspiria, de Argento, que mistura giallo com fantasia sombria). Enquanto o slasher americano (ex: Halloween) prioriza o susto fácil, o giallo cultiva uma tensão prolongada, quase intelectual, convidando o espectador a desvendar pistas junto ao protagonista.
Mais que um gênero, o giallo é uma experiência. É o prazer perverso de ser enganado por uma narrativa, de se perder em um universo onde a beleza coexiste com o grotesco. Seus filmes desafiam o espectador a confrontar medos primitivos — a violência irracional, a fragilidade da mente humana — enquanto o hipnotizam com imagens que parecem saídas de um sonho febril.
Para os amantes do cinema, mergulhar no giallo é descobrir um lado obscuro e fascinante da Itália, onde cada sombra esconde um segredo e cada espelho reflete um pesadelo. Uma viagem imperdível para quem ousa olhar além do sangue e enxergar a arte por trás do terror.
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Eric Campi (@ericcampi_) é jornalista e pós-graduado em Audiovisual. Já trabalhou em diversos veículos de jornalismo cultural, como na Revista CULT e nos sites Wikimetal e MadSound.
Caetano Grippo (@caetano.grippo) é cineasta, escritor, artista plástico e coordenador do Espaço Rasgo. Formado pela Academia Internacional de Cinema e pela Belas Artes, acumula quase duas décadas de experiência como artista multidisciplinar. Seu trabalho mais recente é o livro "Nada Aparentemente Termina Inquieto" lançado pela Editora Patuá.
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