A notícia da morte de Lynch, há algumas semanas, me atingiu de um jeito que nem eu esperava. Recebi mensagens de amigos como se um parente próximo tivesse partido. E faz sentido: Lynch foi mais que um cineasta para mim. Foi um guia. Ele me mostrou que o cinema pode ser uma experiência que vai além do simples fato de "contar histórias". Lembro-me da primeira vez que assisti Veludo Azul: aquela cena inicial, com a perfeição superficial do subúrbio americano contrastando com os vermes sob a terra. Algo ali passou a fazer muito sentido, como um estalo. Percebi que o cinema podia ser uma linguagem para explorar o que está escondido, o que não se diz, mas se sente. E não foi só a arte. Lynch me apresentou à meditação transcendental, uma prática que me acompanhou em momentos turbulentos. Sua busca por equilíbrio entre o caos e a serenidade sempre me inspirou — tanto na vida quanto na criação.
Por isso gravei esse episódio.

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