Caso você não conheça esse trabalho de Jean-Luc Godard, faço o convite para que ocupe dois minutos do seu tempo. Assista, são meros dois minutos.
Godard defendia a ideia de que a crítica de uma obra de arte deveria ser expressa em sua linguagem original. Em outras palavras, para criticar o cinema, era necessário fazer cinema, como se apenas o cinema pudesse verdadeiramente falar sobre si mesmo.
Com isso, reconheço minha limitação em escrever sobre um dos meus filmes favoritos e, em vez disso, deixo aqui um simples convite: venha conhecer esse filme.
"De certa forma, o medo é a filha de Deus, redimida na noite de sexta-feira santa. Ela não é bela, é zombada, amaldiçoada e renegada por todos. Mas não entenda mal, ela cuida de toda agonia mortal, ela intercede pela humanidade.
Pois há uma regra e uma exceção. Cultura é a regra.
E arte a exceção.
Todos falam a regra: cigarro, computador, camisetas, TV, turismo, guerra.
Ninguém fala a exceção.
Ela não é dita, é escrita: Flaubert, Dostoyevski.
É composta: Gershwin, Mozart.
É pintada: Cézanne, Vermeer.
É filmada: Antonioni, Vigo.
Ou é vivida, e se torna a arte de viver: Srebenica, Mostar, Sarajevo.
A regra quer a morte da exceção.
Então a regra para a Europa Cultural é organizar a morte da arte de viver, que ainda floresce.
Quando for hora de fechar o livro, eu não terei arrependimentos.
Eu vi tantos viverem tão mal, e tantos morrerem tão bem."
Comentários