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Monstruosidade Feminina

Atualizado: 15 de ago. de 2022



O que é um monstro? Muito comuns no cinema de horror, poucas pessoas param para associar que a figura do monstro quase sempre está ligada com o diferente, sob uma visão pejorativa. Contudo, nem sempre foi assim. Para entender como as mulheres passaram a ser associadas com essa figura monstruosa (atualmente negativa), e como subvertem isso atualmente, é preciso entender a história do monstro em si.


Tramas do Entardecer (1943, dir. Maya Deren)


No início, a monstruosidade era vista como algo fascinante, não associada ao medo. Em latim, monstrum significa "um objeto ou ser de caráter sobrenatural, que anuncia a vontade dos deuses". No entanto, o termo passou de uma maravilha à uma periculosidade maligna quando surgiram os freak shows, os “circos dos horrores”, que começaram a ridicularizar e transformar o diferente em espetáculo.


A partir disso, tudo que era “fora do comum” passou a ser considerado monstruoso, sendo socialmente rejeitado. O monstro passou a ser entendido como algo ou alguém que possuía anomalias físicas e, posteriormente, o corpo monstruoso passou a dar lugar para mentes monstruosas; assim, a monstruosidade passou a ser ligada com atitudes e comportamentos do ser humano.


O imaginário monstruoso construído acerca da mulher vem de muitos séculos. Os livros de medicina do século II, na Grécia, criaram a teoria do útero errante, que dizia que o útero era um ser único; achavam que ele se mexia e tinha vontades próprias, como um ser dentro da mulher. Acreditando nisso, os homens associaram a “histeria” apenas às mulheres, por achar que elas não poderiam ser “normais” com um outro ser dentro delas. Dessa maneira, desde de o começo da humanidade a mulher era vista como “o outro”.



The Love Witch (2016, dir. Anna Biller)